terça-feira, 21 de julho de 2009

Num dia qualquer, ruim, do passado...


Hoje aprendi a dizer e a pensar.

E, num outro momento próximo, a querer e a falar.
Fundamental a gente se expressar.

Amar, sofrer e, se preciso for... Morrer.
Morrer por amor, por amar e pelo caminho de poder dizer e falar.

Poder, com todo o sentimento se expressar.

Poder viver assim... Em paz.
Tranqüila, fugaz. Sim, aqui estamos.

Vários caminhos. Vários carinhos. Vários dons...
Querida vida, o importante é o afago, o abraço e
o caminhar para o bem viver.

Hoje, o que mais busco em minha vida, é a paz.
Até porque, sensações como o prazer e a alegria,
realmente, ficaram um pouco distantes e hoje eu encaro,
quase, como um luxo.
Só sei que não desejo viver somente esse meu transtorno.
Sei que isso está muito presente em minha vida,
mas não pode tomar uma dimensão total,
que sufoque e esconda minhas outras formas.

Hoje, mudaram a minha medicação.
Tenho esperança de que meu quadro melhore. Preciso disso.
Tomo por dia um Synthroid de 88 Mg, 1500 Mg de Carbonato
de Lítio, 30 Mg de Psicosedin, 500 Mg de Depakene,
15 gotas de Haldol e 50 Mg de Donaren.

Tudo isso para minha cabeça.
E, o pior, é que preciso de tudo isso
para me sentir esse fracasso humano.

Como seria se não tomasse nada.
Às vezes, penso nisso.

Sem essas minhas químicas, será que eu me sentiria melhor.
Mais livre, mais solto. Talvez pior.
Talvez morto. Sei lá...

Só sei que eu nunca me senti tão ruim.
Nunca, tanto assim. Tão mal.

Tenho medo do que vem por ai. Será que ainda pode piorar?
Estragar um pouco mais?

Tenho medo, por mim e pelos meus.
Não consigo me controlar. Não consigo parar.

Nem um pouco. Nem um minuto. Acho que não sou desse mundo.

Sou e sinto, tudo, muito diferente.
Meu pensamento vai e vem, louco, e de repente.

Como galope. Como raio.
Que chega e trás, muita dor, aflição e desesperança.
Não consigo nem fixar a lembrança nos momentos bons, que já tive.

Eles se vão com o vento. Se perdem, no tempo e
desaparecem no ar.

Não sei onde isso tudo vai dar.
Tento ser mais objetivo. Mas como?
Como sair desse buraco em que eu me meti?

Como me despedir dessa loucura. Dessa tristeza.
Minha cabeça está a mil. A milhão. Não quer parar...

Não sei o que pensar. Não consigo pensar claramente.
Clara e de repente. Não consigo pensar.

Alguém me chama. Não há ninguém aqui.
Estou louco. Estou cansado. Não agüento mais.

Vou dormir...

E eu, que além do tb,
apresentava alguns outros problemas, ganhei um novo rótulo:
Meu psiquiatra disse que tenho traço epiléptiforme de caráter.
Bom, não é? Se você juntar essa novidade, com os nomes das
outras características, que eu já sabia que tinha, isso forma um
conjunto muito interessante. Preste atenção: TAB, síndrome de
pânico, crise conversiva (histérica). E agora essa novidade:
Traço epiléptiforme de caráter (vinda de uma personalidade epilética).

Meu médico disse que esses diagnósticos
psiquiátricos e neurológicos, associados ao que
venho sentindo no meu dia a dia, podem indicar um
tratamento com eletroconvulsoterapia.

Só me faltava essa. Choques elétricos.

Aqui, não sei... Estou sem saída.
Bandeira abaixada... Caída. Sem flor, nem cor... Sem brilho.
Meu trem descarrilado... Sem trilho. Sem rumo.
Uma vida sem prumo.
Contorcida, pela dureza de minha realidade.
Até quando, meu Deus?
Até quando, vou viver essa agonia?
Estou perdendo tudo que tenho: Minha dignidade,
o respeito das pessoas, meu amor próprio,
meu tesão pelas coisas,
meu patrimônio, minha força, enfim,
tudo que de mais importante, existe na vida.

Estou cansado... Muito cansado.
Como será que vou acordar amanhã?
Será que em paz? Será?
Paz, uma paz assim, azul, plena, é o que desejo a mim e a todos.
Que essa cor, serena e bela, acalme o coração desse nosso planeta
e dos outros que, com certeza, lá existem.
É o que busco em minha vida... É o que precisamos.
Que represente tudo, de mais puro e de mais belo,
Exista em nossas vidas.
Que signifique os nossos encontros... Muitos.
Que represente o nosso espírito, e que seja o espelho de nossa alma.
De coração...

Pausa para uma lágrima...

Gostaria... Gostaria mesmo de sempre poder flutuar
nesse espaço mágico
Onde o sentimento caminha livre.
Onde o sentimento caminha solto.
Caminha, cheio de vida e repleto de magia.
Gostaria também, de poder mensurar meu sentimento...
Meu sentimento por esse momento. Meu sentimento por ti.

Meu amor por você é do tamanho da imensidão do mar
É da cor do azul do céu
É livre, como o bater das asas de um pássaro.
É de paz.
É de coração.
.
Desculpem-me pelo difícil momento.
Desculpem-me pela má lembrança...
.
Um beijo,
.
Maü Cardoso.

2 comentários:

  1. Oieee...
    Entendo que o momento "esteja" difícil, mas calma!
    Às vezes, Deus nos coloca em situações complicadas, por algum motivo. Tente superar esses momentos. Busque ajuda com as pessoas mais próximas e queridas. Acredite: Sempre tem alguém, que nos aceite exatamente da forma como somos.
    Quanto ao último diagnóstico, acredite...
    - ele não mata. Convivo com a epilepsia há mais de 20 anos. Dependo de medicação também, mas o que é "um" comprimido por noite, se ele vai garantir o meu bem estar.
    Cuide-se. Tudo passa a seu devido tempo.
    Fica com Deus. Abraços

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  2. Querida Wal... Obrigado pelas palavras mas, graças a Deus, essa dura realidade faz parte do passado. Hoje está tudo muito bem e bem controlado. Em relação à epilepsia, mais uma vez, obrigado pela força mas, não sou epilético. Um de meus psiquiátras do passado, me disse certa vez que eu apresentava traço epileptiforme de caráter mas, sem apresentar um quadro convulsívo.
    Wal, em alguns momentos de minha vida, cheguei a pensar que iria enlouquecer. Foi muito difícil e muito doloroso.
    Muito obrigado por suas palavras, viu? E, desculpe-me por tê-la assustado com esses fatos. Fique tranquila que hoje está tudo bem.
    É que, às vezes, preciso colocar algumas dessas passagens para fora.
    Um beijo grande,
    Maü Cardoso.

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