segunda-feira, 30 de julho de 2012

A vida tem que ser molhada...



A chuva ameaça, ameaça, e não cai.
O cheiro de mato seco, infelizmente não sai.
Respiração dolorida. Louca falta de vida. Ambiente deserto.
Não gosto de secura. Não gosto de nada seco.
Não gosto de ver rachadura e não gosto de pó.
Prefiro gente. Prefiro verde. Prefiro a corda molhada, sem nó.
.
Pois é, prefiro molhada. Poça d’água brilhante, doce e enlameada.
Desejo de amor viril, úmido, e o chão de uma trilha encharcada.
Mesmo a comida...
O caldo, o suor e a bebida...
Tudo tem que escorrer. Escorregar...
Molho, gole e saliva.
Tudo muito molhado. Enlaçando o sabor, abraçando o calor e o meu jeito feliz de te amar.
.
O corpo sabe.
E a alma, entende...
Todas as nossas manifestações de emoção são acompanhadas de líquido.
Todas, sem exceção... De dor ou prazer.
Do beijo gostoso, ao choro sentido. O leite...
Do ato de amor feliz, à dor intensa e sangrenta, do corpo parado, atingido.
.
Não acredito que nada vivo e seco, possa estar feliz.
Terra, ar, água e madeira. Qualquer elemento vivo.
Comida sem molho, beijo sem saliva.
Amor sem vontade e um olhar seco e sem vida.
Para mim, vivo e seco, só vinho tinto...

Um beijo grande,

Maü Cardoso.

2 comentários:

  1. Inspiração Divina!
    Sublime e intenso.
    Adorei.
    Beijos

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  2. Mau..meu grande amigo, Você precisa nos molhar mais de seus poemas. grande abraço. Texa.

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